4 de maio de 2010

Você em Destaque - Diversidade e Meio Ambiente

Jefferson Rudy/ Fotos

Uma mulher transexual guerreira nascida em São Paulo, capital bióloga pela Universidade SP- USP, ingressou no ministério do Meio Ambiente Setembro de 2005 no cargo de analista ambiental. Sandra Michelli da Costa Gomes. Marinheira de primeira viagem no serviço publico, Sandra trabalhou em setores como: Departamento de Educação Ambiental, núcleo do Bioma Caatinga e a Secretaria de Recursos Hídricos e ambiente Urbano,que currículo.
Durante o período que passou no Departamento de Educação Ambiental coordenou o Centro de Informação e Documentação Ambiental- o nosso famoso CID- ambiental, onde atuou no programa Nacional de Educomunicação Sociooambiental junto as suas conquistas levou para I Conferência Nacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais, realizada em junho de 2008 propostas ligada ao meio Ambiente para ser discutidas.

Entre entre trabalhos marcantes esteve na 11ª Conferência Nacional de Direitos Humanos, onde foi discutida as conexões entre meio ambiente, desenvolvimento e direito humanos, as quais subsidiarão a elaboração do III Plano Nacional de Direitos Humanos, que pela primeira vez incorporará a questão ambiental. Na SRHU trabalhou em parceria com o DEA na organização da edição especial do COLECIONA ÁGUA.
Também contribuí com um artigo sobre "Um Olhar Preliminar sobre o Ambientalismo Queer" que foi incorporado ao Caderno do Encontro Formativo do Círculo de Aprendizagem Permanente III (CAP III) do Processo Formativo 2009 do Centro de Saberes e Cuidados Socioambientais da Bacia do Prata o texto é uma adaptação de uma palestra á convite do grupo de Pesquisa Alteridade e Violência.



Como foi o período em que você trabalho no MMA?

- O MMA foi a minha primeira experiência no serviço público. Durante estes quatro anos de Ministério passei pelo Departamento de Educação Ambiental, o Núcleo do Bioma Caatinga e a Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano. Dentre o conjunto de atividades com as quais estive envolvida, eu destacaria que no Departamento de Educação Ambiental tive a oportunidade de coordenar o Centro de Informação e Documentação Ambiental - CID Ambiental, assim como atuar junto à processos de gestão participativa e da fase final de elaboração do Programa Nacional de Educomunicação Socioambiental. Também tivemos a oportunidade de levar - enquanto delegada pelo Ministério do Meio Ambiente - a dimensão ambiental para ser discutida na I Conferência Nacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais, realizada em junho de 2008. Também estive como delegada pelo MMA na 11ª Conferência Nacional de Direitos Humanos, onde foi discutida as conexões entre meio ambiente, desenvolvimento e direito humanos, as quais subsidiarão a elaboração do III Plano Nacional de Direitos Humanos, que pela primeira vez incorporará a questão ambiental. No Núcleo do Bioma Caatinga organizamos a Semana da Caatinga de 2007. Na SRHU trabalhamos em parceria com o DEA na organização da edição especial do COLECIONA ÁGUA e também contribuíamos com um artigo sobre "Um Olhar Preliminar sobre o Ambientalismo Queer" que foi incorporado ao Caderno do Encontro Formativo do Círculo de Aprendizagem Permanente III (CAP III) do Processo Formativo 2009 do Centro de Saberes e Cuidados Socioambientais da Bacia do Prata.

Quais as suas maiores conquista ministério?

- Creio que as minhas maiores conquistas profissionais estão justamente no contato com os processos de formulação e implementação das políticas públicas em meio ambiente. Além desta parte de aprendizado profissional, também tive a oportunidade de conhecer pessoas singulares, quer pelo viés ideológico com o qual pactuavam, quer pela dimensão humana que traziam para o convívio junto à equipe.

Quais foram as maiores dificuldades?

- As maiores dificuldades são justamente aquelas comuns ao próprio modo como esta estruturado o serviço público: burocracia, racionalidade instrumental, pedantismo de certos dirigentes, egos de alguns técnicos, e assim por diante.

Quanto tempo ficou no ministério?

- Como disse anteriormente, 4 anos (2005 - 2009).

Sofreu algum tipo de preconceito?

- O preconceito esta presente em todos os espaços, quer institucionais ou não. Certamente nos ambientes organizacionais da Administração Pública esta questão se torna particularmente relevante uma vez que nossos valores e visões de mundo estão a todo momento comprometendo a forma como nos relacionamos com as outras pessoas, e portanto afetando os processos de formulação de políticas públicas, a dinâmica dentro das equipes de trabalho e também nos demais espaços de gestão. O sexismo, a trans-lesbo-homofobia, o racismo, a geronto-fobia e o preconceito contra pessoas com deficiência física no ambiente Institucional é público e notório, basta olhar quantas mulheres estão nos cargos de poder, quantos LGBTs são assumidos em seus locais de trabalho, quantos pessoas não-brancas temos dentro do MMA em cargos técnicos ou comissionados, e assim por diante. Mas isso é um problema gravíssimo em toda a estrutura do Estado e não só no MMA.

Combateu os preconceito?

Creio que estamos começando a ter dentro da Administração Pública estruturas e mecanismos de enfrentamento à Homofobia Institucional, assim como contra as demais formas de preconceito. Recentemente o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão realizou um evento para fazer justamente esta discussão. Também, temos agora uma Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, uma Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial e uma Secretaria Especial de Direitos Humanos, bem como vários Conselhos e Comissões Nacionais, além das Conferências temáticas, que estão trazendo novas formas de combate a este grave problema em nosso País.

Quais seu futuros planos de vida ou projetos de trabalhos novos?

- Estou feliz pela experiência adquirida no MMA e pela possibilidade de agora ter contato com o ambiente e políticas de outro órgão. Desde o dia 9 de novembro fui requisitada pela Presidência da República e estou trabalhando na Coordenação Geral de Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, na Secretaria Especial de Direitos Humanos. Deverá ser uma nova fase de minha vida pessoal e profissional. Creio que se por um lado, principalmente no último ano em que estive no MMA, o meu desafio pessoal foi tentar trazer para a pauta ambiental a dimensão da sexualidade nas suas conexões com a questão ambiental, aqui na SEDH, por outro, o meu desafio será trazer a dimensão das condições materiais de existência para uma política LGBT mais conectada a problemas globais, tais como as mudanças climáticas. Não sei se terei espaço institucional para isso, mas creio que, da mesma forma como no MMA, poderia de alguma forma contribuir pelo menos disseminando estas idéi as junto às pessoas daqui da equipe da coordenação LGBT.


Determinada: criou um blog (natureza torta) depois de participar da Conferencia Nacional GLBT com o objetivo de socializar informações sobre Meio Ambiente e diversidade afetivo-sexual. “O problema é que tanto o tema da diversidade afetivo-sexual como o do meio ambiente são transversais e precisam conseguir interagir com todos os movimentos sociais e não serem discutidos de forma fragmentada. É necessário criar pautas comuns”, defende.

O blog já teve mais de mil acessos nos últimos meses. Por enquanto, as informações são de autores estrangeiros, mas, em breve, Sandra Michelli postará seus próprios artigos e vídeos.

Sandra Michelli da Costa Gomes
blog;Natureza torta
Jefferson Rudy/ Fotos

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